"Eu considero Guaraqueçaba um pequeno mundo dentro do mundo"
- Padre Mário Di Maria - (12/07/1974 - entrevista ao Jornal Diário do Paraná)

19 de novembro de 2018

Deocir Gomes dos Santos, artista tipicamente caiçara.

          Deocir Gomes dos Santos é nascido em Serra Negra, município de Guaraqueçaba, no dia 11 de dezembro de 1966; veio ao mundo pelas mãos da parteira D. Mariquinha (Maria Alves), reconhecida na região pelo saber da parteiragem, quando por aquelas plagas inexistia auxílio médico e as condições de transporte eram quase inexistentes até Guaraqueçaba, com as mínimas condições, ou mesmo à Paranaguá, mas para ambas, após horas de descida do Rio Serra Negra, desembocando na baia das Laranjeiras...
          Sua mãe se chama Aline Gomes dos Santos e o pai Moacil Paula dos Santos (In Memoriam), este que, na década de 1940, d’uma aventura descendo a Serra do mar, desbravando a Floresta Atlântica, vai fixar residência em Serra Negra, onde encontra sua futura esposa, contraindo matrimônio, do qual foram gerados 04 filhos; com estes ainda pequenos, sendo Deocir o segundo mais velho, porém, com poucos meses de idade, o casal Aline e Moacil se mudam à Paranaguá, onde passam a residir na Vila Guarani e algum tempo depois, para Ilha dos Valadares, onde os filhos e a mãe ainda residem... 
            Desde os 05 ou 06 anos de idade, Deocir já demonstra habilidades para as artes, com prematuro reconhecimento entre professores e colegas de turma, ainda nos tempos de estudo na Escola Cidália Rebello Gomes, na Ilha dos Valadares, uma vez que, como lembra daqueles tempos e não segura os risos, assume não ter tantas habilidades para outras matérias naquela época colegial... O talento para as artes, reconhece ter herdado da parte materna, uma vez que a mãe, ainda no sítio, em Serra Negra, sempre confeccionava utilitários (cestos, balaios, tipiti), também o avô, velho fandangueiro naquela região.
          A vida lhe designou atividades na área marítima, na qual Deocir se ocupou por muitos anos, porém, nunca abandonou os pincéis, fato que, aos 30 anos de idade, proporcionou-lhes a mudança de carreira, dedicando-se a pintura; até então rabiscava desenhos e fazia entalhes em madeira, sempre pintando-os ao final...
          “curioso de arte, desde criança” Deocir é um autodidata, utilizando-se de técnicas acrílico sobre tela, mas também óleo sobre tela, ainda fazendo obras em relevo, assumindo tendências “mais pro realismo”, como diz. 
          Amante da leitura, viaja nas páginas e pelas letras, que lhes servem de instrução e também inspiração, seja na história da arte ou na biografia de algum artista, entre eles, admira Andersen (1860-1935) e seu conterrâneo Rafael Lopes da Silva (1905-1980), e ainda Emir Roth (1940-1989), que chegou a conhecer e do qual ainda recebeu algumas "dicas" acerca da “noção de sombreamento e luz”, considerando, portanto, estes artistas como: “molas propulsoras de meu trabalho”.
          Deocir ministrou oficinas de pintura para a Prefeitura de Paranaguá durante as gestões (2004/2008 - 2009/2012) do ex-prefeito José Baka Filho, por aproximadamente 10 anos, das quais se orgulha de ter tido alunos jovens e adultos; também deu aulas de pintura na Associação de Moradores da Ilha dos Valadares.
            “é um filho teu”, assim relembra das obras, em especial, uma “todo em relevo” retratando a frente de Paranaguá, com 2m de comprimento: “me cortou o coração”, quando teve de vender. 
          Com certo saudosismo rememora seu primeiro quadro: “uma paisagem, de praia, com canoas”, lembrando o velho amigo e ex-vereador Chechelero, que o arrematou. 
           Deocir é assim, rabiscando uns traços, imagina toda a cena, lhe vem a inspiração e em alguns dias, pronto. Lá está mais uma de suas obras de arte, em meio a outras que já iniciara, todas retratando seu universo parnanguara, guaraqueçabano, caiçara, riquíssima em história e cultura, ou melhor, como se auto-intitula “pintor tipicamente caiçara”.
            Deocir Gomes dos Santos já participou de 04 Salões de Arte, todos em Paranaguá, mas suas obras atravessa as fronteiras do Brasil, nas mãos de colecionadores e particulares no Japão (onde tem 08 quadros), na Argentina, no Uruguai e na Nova Zelândia, lembrando ainda, os percalços acerca da autorização para envio desta ao estrangeiro. Ainda tem obras espalhadas pela cidade de Paranaguá, na sede da Vigilância Sanitária, por exemplo, também na Cedil, no Hospital Paranaguá, no Cartório de Registro de Nascimento, além de um “Cristo” em painel 4x4m na parede da Igreja...

          Nosso - pintor tipicamente caiçara - trabalha com encomendas e está amadurecendo a ideia de uma exposição, para o ano que vem... AGUARDEM.

          Para eventuais encomendas, segue o contato de Deocir Gomes dos Santos:

(41) 9 84 64 52 26 
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antigo painel em parede. Rua da Praia/Pguá - demolido
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Cliapar Clínica Auditiva de Paranaguá

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SAIBA MAIS


OUTROS


22 de agosto de 2018

Madrinha Marcília - homenagem pelo seu centenário de nascimento

por Zé Muniz e Joanil Gonçalves Martins Jr.

          Há tempos atrás, algum leitor (anônimo) deste Blog, em seu comentário numa das postagens, pedia-nos para publicar acerca da biografia de D. Marcília, a madrinha de muitos guaraqueçabanos... Os anos se passaram, mas a ideia ficou guardada, esperando para germinar. 
        Quando por hora, 2018, no ano do centenário a mesma ideia veio a tona numa conversa com o bisneto Júnior Negão, que assina esta postagem, e iniciamos com auxílio da filha, neta e bisnetos, esta singela escrita biográfica, homenagem pela passagem dos 100 ANOS DE NASCIMENTO de Marcília Lopes Barbosa - a Madrinha de Guaraqueçaba.

Dona Marcília

          Dona Marcília é nascida em Guaraqueçaba, na localidade Cerco Grande, no dia 22 de agosto de 1918, sendo filha de Manoel Salustiano Lopes e Bernardina Luiza.

Dona Marcília juntamente com as irmãs e amigas
Eugênia, Aninha (irmã), Rosinha (irmã), Marcília e Porcina - Maria Bernardina (ao fundo)

          Em casamento arranjado, costume de época, Marcília e o titular do cartório civil Antônio Barbosa Sobrinho, passaram a residir no Costão, em Guaraqueçaba e do enlace nasceram os filhos: Maria Ione Barbosa, Neide Guiomar Barbosa e Antônia Lopes Barbosa.
Antônio Barbosa Sobrinho e Marcília Lopes Barbosa

          Quando aposentado do serviço cartorário (repassando ao sobrinho Edson Nascimento, saudoso “Seu Didi”), Antônio Barbosa Sobrinho fora eleito Vereador de Guaraqueçaba nas eleições de 1959 pelo PSD (com 59 votos) e na de 1968, pelo ARENA (com 69 votos), constando ainda como Suplente na eleição de 1963, pelo PDC. Algum tempo depois, abandonando a vida pública, juntamente com a família tomou rumo da capital paranaense onde residiram até o falecimento de Barbosa Sobrinho, quando então Marcília e as filhas Maria Ione e Antoninha, estas aposentadas pelo magistério, resolvem retornar à terra natal. Na capital permaneceu Neide, com família constituída por lá.
Dona Marcília e as filhas Neide, Antônia e Maria Ione

          Dona Marcília iniciou sua carreira profissional no telégrafo local, em Guaraqueçaba, porém, já de família conhecida por todos em função do serviço desempenhado pelo marido no cartório, portanto conhecedora dos sacrifícios e condições de vida do guaraqueçabano, Marcília ocupou-se da homeopatia, treinando algumas técnicas, como autodidata, e aperfeiçoando outras com o auxílio de alguns livros “de cabeceira” que possuía e a tão guardada caixinha de remédios homeopáticos...


          Este serviço, em prol do povo necessitado, uma vez a inexistência de auxílio médico em Guaraqueçaba, Marcília Lopes Barbosa o realizava com primazia, recebendo inúmeras visitas em sua residência em busca de auxílio, por vezes visitava outros que não mais podiam lhe procurar, atenção e cuidado que fez aumentar o carinho e admiração por D. Marcília e em forma de reconhecimento e agradecimento foi convidada a batizar e assim o fez, mais de 80 criancinhas, hoje homens e mulheres de Guaraqueçaba.
D. Marcília com a irmã Rosinha e cunhados
Dona Marcília e bisnetos
pela passagem do 80º aniversário em celebração na Igreja do Bom Jesus dos Perdões, em Guaraqueçaba
(ao centro D. Marcília, ladeado por afilhados e outros familiares)

        Dona Marcília conquistou não apenas seus contemporâneos com seu carinho e atenção em seu gratuito trabalho homeopático. Muito além de seu tempo, permaneceu a admiração e grande exemplo de dedicação às causas do povo de Guaraqueçaba, fazendo-nos lembrar nesta passagem de seu centenário e agradecer obrigado Dona Marcília - MADRINHA  DE GUARAQUEÇABA!.

        Marcília Lopes Barbosa faleceu em Guaraqueçaba no dia 28 de junho de 2003, deixando as filhas, 04 netos (Simone S. Garcia e Cláudio S. Garcia, Signal S. Moreira Jr., Gláci Maria Almeida Martins e Joanil G. Martins), 08 bisnetos (Cláudio S. Garcia Jr., Fernanda P. Moreira, Bernardo P. Moreira, Janaína Pedro, Maria Cecília Almeida Martins, Joanil Gonçalves Martins JR., Caroline de Almeida Martins e Thais C. Almeida Martins), mais de 80 afilhados, centenas de admiradores.

"não podemos nos apegar nas coisas desse mundo. Temos que pedir nessa vida para sempre ter sabedoria. Sempre sabedoria"
D. Marcília Lopes Barbosa.

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no ano de 1934 recebeu esta aquarela do amigo e reconhecido pintor Rafael Lopes da Silva

presenteada pelo então Prefeito Antônio F. Ramos Fº e esposa esta placa pela passagem do 80º aniversário

Rua Marcília Lopes Barbosa - homenagem póstuma que recebra em 2015

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          Esta postagem também serve para conclamar estes e outros amigos, afilhados, conhecidos, com histórias acerca de D. Marcília, a contribuírem com suas memórias. 
          Fica o espaço de comentários para eventuais lembranças da Madrinha Marcília.

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PARA SABER MAIS
Rafael Lopes de Souza:

19 de agosto de 2018

Seu Maneco - o contador de histórias

        

      Andar pelas ruas de Guaraqueçaba, algumas paradas e, sempre, ou quase sempre nos abordam figuras emblemáticas, algumas prestativas em determinados assuntos e serviços, sejam turísticos, por exemplo, outras, não menos prestativas, compartilhando seus conhecimentos acerca de “outra” Guaraqueçaba, dos tempos que a viveram ou a conheceram e que já não voltam mais... estas histórias ainda se mantém vivas graças a suas memórias e sua partilha.
       
        Na Grécia antiga os Rapsodos, algo equivalente a poeta ou mesmo cantor e pelo poder deste canto – uma vez sem o poder da escrita – percorriam vilarejos a cantar e contar fatos, personagens, ultrapassaram seus limites temporais. As suas histórias ficaram.

        Era mais ou menos assim pelas ruas de Guaraqueçaba com o saudoso Eugeniano Ferreira, o dia todo, a quem quer que visse e desse importância, dispondo de tempo, para que, numa parada pelas ruas ou nos bancos de praça, pudesse se deliciar com sua memória, histórias da Guaraqueçaba do início do século.


        Mais contemporaneamente outro personagem compartilha suas memórias com aqueles que dispõem de "um pouquinho de tempo" para ouvir.



Manoel Theodoro, o nosso “Maneco”, nasceu no dia dedicado aos professores, como se orgulha em falar, ou seja, 15 de outubro, do ano de 1935, na localidade denominada Porto do Mato (próximo a Ponte de Ferro), em Guaraqueçaba.




            Seu pai, Antônio Martins Fagundes, era nascido em Cananéia, a 13 de junho – Dia de Santo Antônio, no ano de 1897 e faleceu em Guaraqueçaba, no mesmo dia [13 de junho], do ano de 1967; Casou-se com Ermelina e desta união nasceram: Roque (policial; mais tarde faleceu em Ivaiporã), Miguel Pereira Fagundes, Juliani, João, Dorçulina, Dorçulino; mais tarde, em novo enlace, casou-se com Mercedes de Assumpção Theodoro Fagundes, do qual nasceram: Manoel Theodoro – Maneco -, Maria Fagundes, Bertulina, Celestino e Laudelina (falecido ainda criança).
            Maneco orgulhoso sempre ressalta o irmão Celestino – o melhor goleiro que Guaraqueçaba já teve que inclusive jogara em alguns clubes em Paranaguá (Seleto, Rio Branco, Sete de Setembro), e a irmã Juliani, parteira reconhecida em toda redondeza e filha desta, Ermelinda, casada em Paranaguá com o russo Miguel Olinik, um dos construtores do Palácio do Café. Já a avó Dorotéia morreu com 115 anos.

            Nas inúmeras histórias que todos os dias, constantemente repete pelas ruas da cidade, recentemente esteve na Câmara dos Vereadores, em sessão, lembrando a biografia do pai [Antônio Martins Fagundes], que exercera a função de Vereador, por duas legislaturas e ainda foi Oficial de Justiça, portanto, como propõe, espera o reconhecimento do progenitor e em sua homenagem a nomeação de um logradouro público na cidade.

Antônio Martins Fagundes

            Maneco, em 1958 foi morar em Paranaguá, onde trabalhou no cais do Porto, na sacaria por 08 anos; no ano de 1964 foi morar em Curitiba, onde por 25 anos trabalhou na Telepar, oportunidade, por conta do serviço de ligador e instalador, em que viajou e conheceu cerca de 50 cidades no Paraná.
             Casou-se em 21 de dezembro de 1968 com Celsina da Silva Fagundes, natural de São José do Rio Preto, com a qual teve Moisés, Miriã e Mara, uma professora de Artes, outra funcionária da Anatel, em Ibaiti.
             No ano de 1991, Maneco comprou um terreno em Guaraqueçaba (CR$ 50.000) e em 2017 retornou a morar em sua terra natal.

             Sua vida tem sido, em todo momento, em toda oportunidade, pelas ruas, praças e em visitas a velhos amigos, relembrar fatos da Guaraqueçaba que conheceu na infância. Um dos assuntos é referente a iluminação, ainda a lampião, quando Izidoro, a todo anoitecer percorria os postes ascendendo as lamparinas de querosene pelas ruas.
             Saudosista que é, lembra a escola ou Colégio Moisés Lupion, como chamava na época o seu grupo escolar (hoje Colégio Estadual Marcílio Dias).


Guaraqueçaba, 1920


Sempre há tempo e conhecimento para compartilhar um pouquinho mais do que vivera; relembra os barbeiros Antônio Silvestre e Heros, os policiais Nilo e Leonildo, ainda Alípio Murin, o guaraqueçabano que esteve na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Acerca de seu velho pai, ainda relembra os fandangos que dava em seu sítio, bom violeiro que era e que afinava “Pelo Meio” e “Intavivado”.



Canoa Caiçara
(imagem meramente ilustrativa)

Maneco ainda aprendeu a confeccionar canoa caiçara, de Guaperuvú e Guaricica, fazendo uso de Enxó; ainda aprendeu a confeccionar tipiti, peneira, gamela, bodoque, e bem sabia armar um mundéu, uma vez que gostava de caçar. Numa destas caçadas lembra que, em 1957, com sua velha espingarda matara em menos de um mês 15 macucos, comprados na venda por Otílio Carvalho. Aprendeu ainda a fazer Bereréca, um tipo de beiju, mais mole, a partir da mandioca que muito plantaram nas suas roças.

TIPITI
(imagem meramente ilustrativa)

             Assunto que sempre relembra, são as histórias relacionadas a Revolução de 30 quando o Comandante em Guaraqueçaba era Palmiro Gomes, de Jacarezinho e seu quartel onde hoje se localiza a Prefeitura Velha.
Dizia que Guaraqueçaba devia pertencer a São Paulo, portanto havia conflitos entre o PR e SP. Além disso, a Revolução objetivava derrubada do Governo de Vargas e na questão SC e RS também entraram no conflito apoiando o Paraná; em 1927 houve a entrada por Guaraqueçaba rumando a São Paulo, pelo Batuva, quando guaraqueçabanaos, entre eles seu pai Antônio Martins Fagundes, fora um dos guias das tropas, abrindo picadão pelo mato para passagem dos soldados e cavalaria.
Houve muitas mortes pela região. Maneco ainda quando criança, teria visto sepulturas rasas, com cruzes de madeira me que o limo já a descaracterizava, quando fora visitar um velho sítio, em Batuva. O irmão Roque, lembra, dizia ter se cansado de carregar corpos para sepultar nas valas.

(imagem meramente ilustrativa)


Outro fato relacionado a Revolução, lembra, o pescador Prisco. Este foi encarregado de cuidar da comunicação – telefone ainda  a manivela – no Porto da Linha e avisar o Quartel, em Guaraqueçaba, se acaso suspeitasse da invasão paulista no território paranaense. Certo dia Prisco chega em Guaraqueçaba, ofegante, cansando, tendo percorrido todo trajeto a pé, correndo, para avisar da invasão. Por não ter avisado pelo telefone e assim ter dado mais tempo para as tropas se prepararem, foi logo decretado sua punição, fuzilamento. Emparedado que estava prestes a receber um tiro final, Prisco foi salvo “por um triz”, como costumeiramente se diz, quando o Capitão chegara ao Quartel e ordenara que não prosseguisse o ato punitivo, porém, Prisco já se encontrava “borrado”, livrando-se da execução, mas ficando assim sua história marcada.

             Maneco é um guaraqueçabano que com sua voz e a brilhante memória, compartilha suas histórias, fazendo permanecer viva a Guaraqueçaba do século passado. 

Seu Maneco mostrando as imagens da mãe e do pai

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22 de março de 2018

Museu de Guaraqueçaba

         Já não é de hoje que entregamos uma proposta de criação de um Museu em Guaraqueçaba para Gestões... ano passado estivemos presente na Sessão logo após o aniversário da cidade reforçando o pedido e entregando proposta de criação de uma equipe técnica para corrigir alguns equívocos em nossa história, inclusive entregando pessoalmente, em sessão, em mãos do Presidente, a proposta de criação de um Museu... nada aconteceu. Neste final de 2017 entregamos em formato de Pré-Projeto de Lei e aguardamos para a próxima Sessão a apreciação e votação, após transformado em Projeto de Lei.
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GUARAQUEÇABA, 27 DE MARÇO DE 2018.
 PREZADOS SENHORES VEREADORES; POPULAÇÃO AQUI REUNIDA.
         MERECEDORA QUE É DA VALORIZAÇÃO DE SUA HISTÓRIA, GUARAQUEÇABA JAZ HÁ MUITO TEMPO ESQUECIDA E SUA HISTÓRIA E CULTURA AGONIZANDO!
NÃO É NOVIDADE PARA NENHUM DE NÓS QUE NADA OU AO MENOS MUITO POUCO TEMOS FEITO PARA REVERTER ESSA SITUAÇÃO QUE SE ARRASTA POR ANOS, EXCETO POR AÇÕES DE PARTICULARES QUE PESQUISAM E PROCURAM DISSEMINAR SEUS RESULTADOS, DENTRO DAS POSSIBILIDADES, EM PUBLICAÇÕES, REDES SOCIAIS E PROFESSORES QUE EM ÉPOCAS DE CELEBRAÇÃO DO ANIVERSÁRIO DO MUNICÍPIO, INCITAM SEUS ALUNOS A PESQUISAREM. MAS ONDE? VALE LEMBRAR AINDA A FALTA DE ESPAÇO ÉTICO E CONFIÁVEL, INCLUSIVE OS PÚBLICOS PARA REALIZAÇÃO DE TAIS AÇÕES.
É ESSE CENÁRIO QUE NECESSITAMOS MUDAR. QUE O PODER PÚBLICO MUNICIPAL, FAZENDO CUMPRIR A LEGISLAÇÃO QUE REGE ESSE MUNICIPIO, POSSA ENFIM DAR UM EXEMPLO DE VALORIZAÇÃO DE NOSSA HISTÓRIA E COM DEVIDO MERECIMENTO APRESENTAMOS ESTA PROPOSTA, AGORA PROJETO DE LEI PARA VOSSA APRECIAÇÃO QUE ALMEJA, ENFIM, A INSTALAÇÃO DA CASA DE MEMÓRIA DE GUARAQUEÇABA, UM MUSEU, UM ESPAÇO DESTINADO Á PESQUISA, DIVULGAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA QUINHENTISTA HISTÓRIA DE NOSSO POVO.
PODEMOS SIM NOS ORGULHAR DE NOSSA HISTÓRIA, MAS ANTES DE TUDO CONHECÊ-LA E PARA TANTO A VALORIZAÇÃO SE FAZ URGENTE E UMA CASA DE MEMÓRIA CAMINHA NESSE SENTIDO.
TURISMO. ESSE É NOSSO FUTURO, FORTALECEDOR DE NOSSA ECONOMIA, TODOS SABEMOS. TEMOS, PORTANTO, QUE FAZER NOSSA LIÇÃO DE CASA, CUIDANDO DE NOSSA HISTÓRIA, NOSSA CULTURA, PARA ALÉM DE DEMONSTRAR RESPEITO PARA COM NOSSAS TRADIÇÕES, POSSAMOS TER BENS PRESERVADOS E ASSIM, CONSECUTIVAMENTE PODER ORGULHOSAMENTE BEM RECEBER AQUELES QUE TAMBÉM DESEJAM VER, CONHECER.
TALVEZ NÃO SAIBAM, MAS NOSSA HISTÓRIA, OU O QUE SOBROU DELA, ESTÁ ESPALHADA COM COLECIONADORES, PEÇAS EXPOSTAS EM OUTROS MUSEUS OU EM POSSE DE FAMÍLIAS TRADICIONAIS, ITENS SURRUPIADOS, BENS PÚBLICOS DESAPARECIDOS... NÃO ESTAMOS FAZENDO NOSSA LIÇÃO DE CASA.

SEJA AGORA UM MARCO PARA ESTA MUDANÇA, QUE REQUER AINDA MUITA AÇÃO, ALÉM DE APROVAR, VETAR OU SANCIONAR E INSATALAR A CASA DE MEMÓRIA... QUE ESTEJAMOS ATENTOS E ACOMPANHANDO TODO ESTE PROCESSO ANSIANDO POR VER DE UMA VEZ POR TODAS NOSSA HISTÓRIA DEVIDAMENTE VALORIZADA. 
PROFº. Me. ZÉ MUNIZ

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imagens da sessão na Câmara de Vereadores



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para ter acesso a proposta na íntegra entregue à Câmara de Vereadores

para ter acesso ao Projeto de Lei

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PARTICIPE DA SESSÃO PLENÁRIA NA
CÂMARA DE VEREADORES DE GUARAQUEÇABA

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LEI do MUSEU - 670/2018 - 05 de junho de 2018.
(aprovado e sancionado pelo Executivo)

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Lei do MUSEU   009/2019 - 11 de junho de 2019
(aprovado e sancionado pelo Legislativo)

16 de fevereiro de 2018

Manifesto da Cultura Caiçara

MANIFESTO DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS CAIÇARAS EM
REPÚDIO À LEI ESTADUAL N° 16.290/2016 E DEMAIS LEGISLAÇÕES QUE INSTITUEM A SEMANA EM TORNO DO DIA 15
DE MARÇO COMO SEMANA DA CULTURA CAIÇARA NO ESTADO DE SÃO PAULO E MUNICÍPIOS.


APRESENTAÇÃO:

        Nós Comunidades Tradicionais Caiçaras, da Coordenação Nacional de Comunidades Tradicionais Caiçaras, do Comitê de Salvaguarda do Fandango Caiçara, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, integrantes de diversos grupos culturais e artísticos, entre outras organizações comunitárias, MANIFESTAMOS repúdio veemente à lei estadual Lei n° 16.290, de 20/07/2016 que dispõe sobre a inclusão no Calendário Turístico do Estado a" Semana da Cultura Caiçara", na região da Baixada Santista, Vale do Ribeira e demais municípios, assim como às legislações municipais que instituíram sem consulta prévia a data de 15 de março ou outras datas em período de quaresma como dia do caiçara.
           Entendemos a importância da existência de legislações específicas para valorizar nossa cultura e sem desmerecer a iniciativa, solicitamos que a lei que dispõe sobre a semana da cultura caiçara, assim as demais que dispõem sobre o dia do caiçara em 15 de março ou em período de quaresma, sejam revistas, pois não refletem, nem representam o interesse legítimo da população caiçara, e ainda, que as comunidades sejam ouvidas e que sejam protagonistas nesses projetos que lhes dizem respeito e as afeta diretamente.

SOBRE AS LEIS QUE INSTITUEM O DIA DO CAIÇARA E A SEMANA DA CULTURA CAIÇARA:

        As revisões se fazem necessárias devido ao desrespeito ocorrido à nossa cultura, uma vez que a data [15 de março] em que se celebra o dia do caiçara e a Semana de Cultura Caiçara nos municípios e estado paulista, NÃO NOS REPRESENTA ENQUANTO COMUNIDADES TRADICIONAIS CAIÇARAS, ressalta-se, PORÉM, que esta data não tem consentimento das comunidades caiçaras de diferentes municípios, entendemos PORTANTO que, as referidas datas em que tais ações evidenciam a cultura caiçara, acaba não representando esse segmento, tendo em vista as leis estabelecerem um período de comemoração que coincide com a Quaresma. A Quaresma, trata-se de um período em que a cultura tradicional impõe algumas restrições quanto a realização de alguns dos costumes relacionados ao mar e ao mato, a alimentação, caça e pesca, e mesmo quanto ao Fandango Caiçara, que é reconhecido como Patrimônio Imaterial do Brasil, não acontece durante estes dias, sendo realizado somente no período entre a páscoa e o carnaval.
        Ao nos manifestarmos contrários ao período de comemoração do dia e semana do caiçara, estabelecidos por lei, afirmamos que a cultura caiçara quer permanecer assim, respeitando essa tradição secular, independente do mercado cultural e suas imposições capitalistas.
        Nesse sentido evidenciamos o desrespeito às tradições caiçaras, uma vez que não podemos nos fazer presente com as manifestações de nossa cultura, entendendo que os próprios objetivos da referida Semana de Cultura Caiçara no condizente a autenticidade e autoidentificação não se efetuam, pois não cumprem ainda sua função de “apresentar o novo sem tirar os olhos das tradições de um povo que mantém sua resistência”.

AO SANCIONAR AS REFERIDAS LEIS O LEGISLATIVO E O EXECUTIVO NÃO CONSIDERARAM OS EXPOSTOS ABAIXO:

● A Constituição Federal de 1988, que reconhece os direitos culturais do Brasil e tutela os artigos 215 e 216, o patrimônio material e imaterial construído e praticado pelos diversos grupos que compõem o Estado pluriétnico brasileiro, desconsiderando costumes culturais que não podem ser alterados contrariando dos mais antigos aos mais jovens, algo que vá contra os direitos
consuetudinários dos modos de ser, viver, celebrar, existir;

● O Decreto nº 6.040/2007, que conceitua e define que povos e comunidades tradicionais são “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”, definição com a qual as Comunidades Caiçaras se identificam;

● O registro do Fandango Caiçara pelo IPHAN através do processo nº 01450.014268/2008-59 em 29/11/2012 que apoia a não manifestação de Fandango Caiçara durante o período de quaresma (quarta-feira-de-cinzas até a Páscoa) devido às crenças religiosas de parte das comunidades caiçaras;

● A consulta aos representantes designados pelas comunidades e reconhecidos pelo Decreto nº 8.750/2016 que regulamenta o Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, assegurando expressamente ao segmento caiçara representatividade neste espaço;

● A consulta livre, prévia e informada, desrespeitando a CONVENÇÃO 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da qual o Brasil é signatário.

        Portanto tal data e a regulamentação que a mesma tenta implementar não tem validade popular, cultural, pois versa sobre aspecto cultural e não a compreende como um todo. Perde o sentido de existência a regulamentação pelo seu próprio conteúdo conflituoso de origem.

ENCAMINHAMENTOS:

● Criar uma comissão para revisão das Legislações Municipais, bem como do estado paulista que instituem o dia do caiçara e a semana de cultura caiçara em períodos de quaresma, com participação de representantes indicados pelas comunidades e pelas instituições representativas estadual e nacional;

● Abrir um ciclo de debates/discussões em torno da propositura de uma nova data para a celebração do dia e semana da cultura caiçara nos municípios, que verdadeiramente represente a manifestação das comunidades, respeitando as especificidades de cada município, mas que a nível estadual represente de forma ampla o território caiçara.

        Pleiteamos com esse manifesto o apoio do legislativo e executivo dos municípios e do Estado para possíveis soluções.

Sem mais, dispomo-nos.
Assinam esta Carta Aberta das Comunidades Caiçaras:

Coordenação Nacional de Comunidade Tradicionais Caiçaras (CNCTC) - RJ- SP- PR
Comitê Nacional de Salvaguarda do Fandango Caiçara - RJ-SP-PR
Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais. (CNPCT) - BR
Associação para Preservação e Recuperação da Mata Atlântica “com gente dentro” (PROMATA) - SP
Movimento dos Pescadores Artesanais do Litoral do Paraná (MOPEAR) - PR
União dos Moradores da Juréia (UMJ) - Iguape - Peruíbe/SP
Fórum de Comunidades Tradicionais (FTC) - Angra dos Reis- Paraty-Ubatuba/SP- RJ
Grupo Cirandeiro de Parati - Paraty RJ
Grupo Ciranda de Tarituba (Associação Cultural Recreativa e Folclórica de Tarituba) - Paraty RJ
Grupo Manema - Peruíbe e Iguape/SP
Grupo Fandango Caiçara de Ubatuba - Ubatuba/SP
Geração Fandangueira do Prelado - Iguape/SP
Associação Amigos Remadores da Canoa Caiçara (AARCCA) - Ubatuba/SP
Associação Mandicuéra de Cultura Popular (Mandicuéra) - Paranaguá/PR
Grupo Fandanguará - Guaraqueçaba/PR
Grupo Canutilho Temperado - Guaraqueçaba/PR
Grupo Raízes Fandangueiras de Superagui - Guaraqueçaba/ PR
Associação Chão Caiçara - São Sebastião/SP
Comunidades Tradicionais do Arquipélago de Ilhabela - Ilhabela/SP
Associação Amigos de Bairro do Portinho - Ilhabela/SP
Associação dos Remanescentes da Comunidade Quilombo de Caçandoca - Ubatuba/SP

Escrito em território das Comunidades Tradicionais Caiçaras em 15 de fevereiro de 2018.

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VER MANIFESTO NO FACEBOOK DA CNCTC

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COMPARTILHAR IMAGENS DE APOIO AO MANIFESTO DA CULTURA CAIÇARA




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VER VÍDEO DE APOIO AO MANIFESTO PELO GRUPO CANUTILHO TEMPERADO


26 de janeiro de 2018

Necessidades urgentes do Guaraqueçabano

2018 não começou muito bem para nossa querida cidade-mãe Guaraqueçaba. Eventos criminosos sem antecedentes de tal magnitude em nossa região amedrontaram a população, trazendo pânico e espantando os poucos turistas que nos visitavam...

Alguns dias se passaram. Culpa-se este, julga-se aquele, até a própria vítima, destruída pela força da explosão, passa a ser culpada segundo julgamento de alguns poucos. Aos buxixos e falaricos, calma, esta parte não nos cabe e sim às autoridades competentes que certamente as investigam e, mais cedo ou mais tarde nos trarão respostas, podendo estas, apresentarem resultados surpreendentes.

O que nos motiva a escrever aqui é o tentar saber a que pé andam as reformas??????? Reestruturações??????? Reabre a agência??????? Não reabre a agência???????. Em sua porta, sabemos, há uma pequena nota avisando aos clientes dirigirem-se à agência na cidade vizinha a nossa...

E me pergunto. Como se dará o recebimento de benefícios e outros serviços bancários de centenas da população guaraqueçabana? É um sofrimento que penso, para muitos será penoso e para tanto deveria, caso ainda não tenha sido, ser tomada atitude em benefício da população e, é urgente.

E me pergunto de novo. Será que as autoridade que representam o povo tomaram atitudes em relação ao dispendioso trabalho de centenas de aposentados e pensionistas em deslocarem-se a uma cidade que muitos destes não estão acostumados; uma cidade que apresenta índices de roubos e golpes como os famosos “saidinhas de banco”; uma cidade que é um lugar estranho a muitos, onde sequer possuem parentes para com pouquinho mais de facilidade e segurança dirigirem-se pra lá e efetuar seus necessários serviços bancários...

A necessidade é urgente senhores representantes de nosso povo... surgem ideais a milhares, mas uma coisa é certa – centenas de aposentados e pensionistas vão necessitar se dirigir a Paranaguá para os serviços bancários.

Talvez um transporte marítimo – fretado, emprestado, sei lá – pudesse locomover aposentados e pensionistas em um ou dois dias durante a semana para tal destino; quem sabe um dia passando em comunidades insulares, e em tais lugares, acompanhados pelos seus representantes ou outros a facilitar o deslocamento e trânsito de nossos povão até o destino bancário.

Aposentados de Tibicanga, Guapicum, Sebui, Vila Fátima e Abacateiro poderiam ir a Paranaguá na terça-feira... Não é uma ideia brilhante. Apenas um pensamento que, se nossos representantes, se julgam dignos de tal título, é o momento de lutar pelo nosso povo e lhes favorecer na necessidade que é urgente.

À agência, esclarecimentos.
Aos representantes, atitude.
TOMEM A PALAVRA!

        Se detalhes de como se dará o andamento dos serviços bancários na região foram devidamente esclarecidos e ainda assim não os vi, se atitudes em prol do povo já estão sendo tomados e não ouvi dizer, tomem esta nota como divagações de um mais um guaraqueçabano.

        Temos em frente um ano inteiro a porvir...  inclusive eleições...